Capítulo VI

O PONTO DE EQUILÍBRIO

Ponto de equilíbrio é um termo usado nas ciências contabilísticas e financeiras e deriva do equilíbrio entre as receitas e as despesas.
Centro de gravidade é um conceito físico baseado na matemática, em que teoricamente todo o peso do corpo é concentrado apenas num só ponto e mantém o equilíbrio do corpo.
Deus também criou para o casamento um ponto de equilíbrio. É o equilíbrio entre a submissão da mulher e o amor do homem, conforme está em Efésios 5.
Numa primeira leitura pode-se pensar num Deus discriminatório, que favorece uns em detrimento de outros. Um Deus que faz diferença entre homens e mulheres em que aparentemente favorece um dos lados.
No casamento tem de haver equilíbrio entre os egos, os interesses, as actividades, as finanças e muitas outras coisas. Mas o ponto de equilíbrio tem de estar no casal e somente nos dois.
As decisões têm de depender apenas de ambos e equilibrar cada uma para que nenhum se sinta prejudicado.
No léxico popular submissão normalmente é associado a obediência cega, domínio e escravidão. Estes conceitos estão muitas vezes na cabeça de quem lê esta palavra em qualquer contexto, mesmo em Efésios 5.
O conceito de amor é associado a muitas coisas, mas nos relacionamentos é muitas vezes associado a aceitar tudo sem reclamar. Também muitas vezes é sinónimo de fraqueza.
O conceito cristão de submissão é um conceito activo que se cruza com o conceito ágape, o amor sem condições. Assim submissão sem amor é na realidade escravidão, mas amor sem submissão é despotismo.
É este equilíbrio entre a submissão da mulher e a autoridade do homem, que se concentra num só ponto do casamento, em que sendo submissa a mulher encontra o amor do marido e o marido sendo amoroso submete-se ao amor da mulher.
Para manter o equilíbrio no casamento, o centro de gravidade tem de ser equidistante para ambos os cônjuges, cada um tem de se sentir seguro, realizado e equilibrado. Ambos têm de se sentir amados e submissos. O casal tem de funcionar como uma unidade, mas cada um tem de manter as suas especificidades.
Como na vida, o casamento é uma tortura diária de tomadas de decisões, umas simples e fáceis, outras simples, mas complexas. Por vezes cada um dos cônjuges é confrontado com decisões individuais que podem alterar o equilíbrio conjugal.
A destruição de um casamento começa quando este equilíbrio de amor/submissão começa a ser desprezado, seja por excesso ou omissão, seja por uma das partes ou por ambas.
Quando é por questões individuais, de carácter ou outras, a possibilidade de reconciliação embora difícil é possível. Com ajuda, um casal pode voltar a equilibrar a sua unidade.
Quando o casal é afectado por questões externas, as dificuldades de encontrar ou reencontrar o equilibro começam a ser mais difíceis. Pais, mães, amigos, filhos, empregos, carreiras profissionais, religião, são alguns dos obstáculos para a manutenção e o equilíbrio de um casamento. Se por pressão externa os interesses ficarem pendentes mais para um lado, é quase garantido o fim do casamento, embora possam continuar a viver juntos.
A alteração do equilíbrio amor/submissão altera também o centro de gravidade do casal.
O casamento cristão é uma relação a três, sendo Deus uma das partes. Quando entra em cena uma nova influência, sem o consentimento de todas as partes, o casamento torna-se desequilibrado e a ruptura é uma possibilidade muito forte, pois altera a expressão amor/submissão.
Um erra fatal é muitos cônjuges continuarem submissos ao passado, podendo ser um dos progenitores ou a hábitos/relacionamentos fortemente arreigados.
As expressões de afectos têm de ser naturais, não manipuladas e muito menos servirem de moeda de troca. O amor não se negoceia e a submissão não se compra.
Um dos princípios da vida cristã é a submissão entre cristãos é a submissão de uns aos outros, partindo do princípio do respeito e da liberdade.
As palavras chaves do termo submissão no conceito cristão são: respeito e liberdade.
O equilíbrio entre a submissão e o amor passam pelo crivo do respeito e da liberdade.
O centro da gravidade do amor e da submissão devem ser ponderados pelo respeito e pela liberdade. Diante de Deus homem e mulher têm a mesma liberdade e merecem o mesmo respeito, pois Deus, homem e mulher os criou.
A mulher tem de se submeter ao homem? Sim, mas sendo respeitada e em liberdade.
O homem tem de amar a mulher? Sim, mas sendo respeitado e livremente.
Sem respeito e liberdade não existe amor e submissão.