Conclusão - Cristo: Salvador ou Opressor?

Viver a vida com Cristo, não é apenas dizer que Jesus foi o nosso salvador, e que agora é Senhor. Deve ser um acto de compreensão que somos acima de tudo seres espirituais e que devemos viver como tal.
Depois de começar uma vida nova em Cristo, ficamos entre dois mundos, o nosso e o de Deus. Este balancear, pode durar todo este início da nossa existência, a saber, a passagem por esta vida mundana. As atitudes que tomarmos ir-se-ão reflectir e terão consequências na área espiritual.
Na parábola do semeador, Jesus explicou-nos o que cada um faz quando entra em contacto com a descoberta de que estava perdido e que finalmente encontra o Caminho.
Muitos rejubilam de alegria, andavam perdidos e agora já sabem quem são e aonde estão. Declamam que Cristo é o seu salvador, e que melhor coisa não há. Começam uma vida nova, e novas criaturas são em Cristo Jesus.
Mas ser cristão, é mais do que confissões de fé. Fé sem atitude é demagogia.
Querer-se ser cristão racionalmente é loucura. A cruz só por si é loucura. O amar o inimigo é loucura. Perdoar só por amor é loucura. Quem quiser ser o maior, ter que se tornar o menor, é loucura. O dar a vida é loucura. Desprezar os bens materiais é loucura.
Viver a vida na esperança messiânica é loucura.
Ser cristão é ultrapassar a humanidade, continuando a usufrui-la na totalidade. Ser Cristão é compreender que a humanidade é limitada temporalmente, mas que a espiritualidade é eterna.
Com o passar do tempo, tem de se tomar decisões, pois a nova criatura espiritual começa a ser confrontada com a sua velha natureza, e por vezes é engodado por ela.
Tudo o que Deus criou é maravilhoso, mas só pode ser perfeito se for de livre vontade. Sem o livre arbítrio, até o maravilhoso é prisão.
Assim é tudo nesta vida, podemos escolher viver com Cristo ou sem Ele.
Deus o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo dão o direito e a oportunidade de escolher. Mas cada escolha tem as suas consequências.
Alguém que escolhe seguir a Jesus, o Salvador, sabe que o casamento é algo que faz parte do coração de Deus. É uno, tal como eles são uno.
É uma opção legítima e digna. Nesta opção, Deus será o mantenedor desta relação.
Mas com o passar do tempo, os interesses e as motivações começam a alterar-se, a imagem de Cristo começa a esbater-se e começa a surgir a de Cristo o opressor.
Quando a velha criatura começa a querer retomar o seu lugar, aquilo que naturalmente se aceitou e que se vivia, começa a entrar em conflito. O ser espiritual começa a ser corrompido com o carnal. Deixar a carne tomar a primazia, por causa da falta de convicções, entra-se num dualismo perigoso.
Quando esta dualidade entra em confronto e as convicções são fracas a carne abafa a fé.
Os princípios começam a ser regras e as regras rapidamente passam a grilhões. Tudo é limitado, nada é possível. O Salvador deixa de o ser e passa a opressor. Em vez de se viver em liberdade, agora a vida é uma prisão.
De entendimento cerrado, a humanidade não consegue compreender porque só se casa uma vez, exceptuando o caso da viuvez, se for essa a opção.
Esta é a situação, de alguém que se diz cristão, mas que vive com os desejos daqueles que tomaram a decisão de não o ser.
De alegria e felicidade, o casamento transforma-se em sacrifício e suplício. O cônjuge deixa de ser “o amorzinho” e passa a ser “aquela coisa”.
No princípio era Deus, e Deus estava com o casal.
No meio, Deus passa a observador.
No final, Deus, aguenta-te.
Novo casamento, novo deus. O novo deus é só amor e tenho direito a uma nova felicidade, graças à sua infinita misericórdia. Este novo deus é feito à imagem do novo querer.
Cristo tanto é salvador hoje, quando estamos bem, como amanhã quando surgirem os conflitos no casal, ou no futuro se chegar a ruptura. O Cristo opressor é a imagem do desejo desenfreado, sem controlo e sem discernimento.
A opção por um casamento indivisível e uno é um acto de coragem, é um acto de liberdade em Cristo, pois para Deus nada é impossível, mesmo a manutenção do amor conjugal, se for essa a convicção.
Se, se anda como Pai, reflecte-se a sua imagem, e transmite-se o seu perfume.
Assim, irmãos, não há razão para satisfazerem a vossa velha natureza pecadora fazendo o que ela vos pede. Porque se continuarem a segui-la morrerão; mas se, pelo poder do Espírito, a rejeitarem, hão-de viver. Porque todos os filhos de Deus se deixam conduzir pelo Espírito de Deus.
Por isso não devemos ser escravos medrosos e servis, mas devemos comportarmo-nos como verdadeiros filhos de Deus, recebidos no seio da sua família e chamando-lhe realmente querido pai
.” (Romanos capítulo 8 versículos 12 a 15, de “O Livro: A Bíblia para Hoje”).

Só em Cristo se é verdadeiramente livre.