Capítulo IV

A VIGA MESTRA

Deus deu livre arbítrio a todo ser humano. Cada um toma as opções que quiser. Não temos o direito de julgar os outros, seja por que motivo for, mesmo que vá profundamente contra as nossas convicções. Tenho no entanto a obrigação de mostrar qual é a vontade do Pai para os seus filhos. A fé leva a uma mudança de atitudes perante os factos que nos vão surgindo ao longo da nossa vida. Não podemos viver duas realidades, uma eterna e outra efémera. Não podemos dizer que somos filhos de Deus e viver do mesmo modo e com as mesmas atitudes dos que se encontram presos ao príncipe do mundo, a saber, Satanás.

O casamento é algo que transcende a capacidade humana. No nosso tempo, as pessoas do mundo dizem que sem se ter a certeza da compatibilidade entre os dois não se deve casar. Muitas andam de experiência em experiência. Mesmo assim, depois de oficializarem uma relação, o número de divórcios é enormíssimo. O problema não está em se saber a compatibilidade, mas como se vive e assume o próprio compromisso. O amor baseado em factos materiais, físicos ou qualquer outra coisa de curta duração, termina quando essas condições deixarem de existir. Embora Deus não seja um casamenteiro, respeita as decisões de cada um, e se formos suficientemente humildes para entregarmos as decisões nas Suas mãos Ele torna compatível o diferente, une o impossível. Com Ele as relações físicas atingem níveis nunca esperados por ninguém. Ele é o conciliador, o que mantém as uniões duradoiras e é o catalisador da felicidade. Casamento nas mãos de Deus é virtude.

A atitude com que se encara o casamento vai marcar toda a vida futura. Se, se ama verdadeiramente a Deus, vai ter de se amar o cônjuge. Como Deus é único, também o cônjuge é único. Se fazemos tudo para não perder a intimidade com o Pai, também devemos fazer o mesmo para não perder a intimidade com o cônjuge.

Só podemos ter um cônjuge ao longo da vida, convém que a escolha também esteja no coração de Deus, então vamos fazer tudo para não o perder, pois diante de Deus, não vamos ter oportunidade para uma segunda chance, com outra pessoa, sendo a primeira ainda viva. Só mesmo diante dos Homens, mas para Deus não é válido. Não devemos tratar o casamento como muitos tratam da salvação. Para Deus nada é impossível, não devemos desprezar nem desperdiçar a capacidade do nosso Pai para resolver todo e qualquer problema que pode surgir. Devemos usar e abusar da capacidade de perdão que Deus nos deu, pois é inesgotável.

Intimidade e manipulação por vezes podem-se tornar a mesma face de uma moeda. Intimidade é algo que se desenvolve num casal. A partir do início da vida em comum, começa-se a conhecer os mais ínfimos pormenores de cada um. As atitudes, as decisões, os hábitos são formas de adquirir conhecimento. Cada uma das partes começa a conhecer a outra num plano que é impossível sem relacionamento íntimo. Quer a parte física, intelectual, ou emocional ficam abertas ao outro. Do sexo aos hábitos alimentares, tudo faz parte de uma intimidade só acessível ao cônjuge. Esta abertura faz parte da rotina do casamento. Este conhecimento abre a possibilidade do aprofundamento do amor. Conhecendo o outro é mais fácil servi-lo e satisfazer, não apenas as necessidades básicas, mas também inundá-lo de carinhos e atenção. Mas o conhecimento íntimo também pode ser perverso. Por excesso de conhecimento, uma das partes pode cair na tentação de dominar a outra, pois conhece os pontos fortes, mas também os fracos. É fácil para um manipulador controlar a outra parte. A manipulação pode trazer benefícios no imediato, para quem a executa, mas com o passar do tempo, mina a relação até ao extermínio. A manipulação e a tentação de domínio trazem a falta de confiança ao outro. Ninguém gosta de se sentir manipulado nem dominado, mesmo que não se tenha argumentos para desfazer. Deus não manipula, nem se deixa manipular. É obra da carne, muito usada pelos demónios. Um espírito livre, dá liberdade ao outro, para poder ser livre. O respeito mútuo é um remédio eficaz para esta malfeita.

O casamento é uma relação horizontal, em que os dois têm que necessariamente ganhar. A verticalidade da relação só pode ser dirigida para Deus, pois o seu Espírito é a VIGA MESTRA que aguenta qualquer casamento, basta querermos colocá-la no sítio certo e dar-lhe a honra que merece. O Espírito de Deus é o consolador da dor humana e o sustentador nas situações impossíveis. A confiança Nele é o segredo para a longevidade de uma vida, incluindo o casamento, com qualidade.